Desembrulhando Suposições: Lições de 47 Presentes

Há alguns dias, um amigo meu completou 47 anos. Para celebrar, uma de suas amigas — que também é minha conhecida — teve o que acreditava ser uma ideia brilhante e única. Ela decidiu surpreendê-lo com 47 pequenos presentes, cada um representando um ano de sua vida. Seu entusiasmo era contagiante enquanto escolhia e embalava cuidadosamente cada item, imaginando a alegria que ele sentiria ao desembrulhá-los um por um. Ela estava convencida de que seria uma experiência de aniversário inesquecível, cheia de diversão e risadas.

No entanto, quando conversei com meu amigo sobre o aniversário, sua perspectiva era bem diferente. Ele compartilhou que, embora apreciasse o gesto, achou os 47 “itens inúteis” excessivos e pouco práticos. Ele não tinha espaço para guardá-los nem utilidade para eles. Além disso, o processo de desembrulhar tantos pacotes pareceu mais uma tarefa cansativa do que um momento prazeroso. O que deveria ser uma experiência memorável acabou se tornando uma fonte de frustração.

Este cenário ilustra perfeitamente uma armadilha comum em nossas vidas pessoais e profissionais: o perigo das suposições não questionadas. A amiga assumiu que sua ideia seria bem recebida, a ponto de não considerar outras perspectivas. Seu entusiasmo a cegou para a possibilidade de que o que ela achava encantador poderia não ressoar da mesma forma para outra pessoa.

Agora, imagine essa dinâmica se desenrolando dentro de organizações e equipes.

Suposições no Contexto Organizacional

No ambiente de trabalho, suposições frequentemente fundamentam a tomada de decisões, as dinâmicas de equipe e a execução de projetos. Líderes, por exemplo, podem presumir que entendem o que motiva seus funcionários sem buscar opiniões suficientes. Da mesma forma, estratégias de gestão de mudanças e desenvolvimento de equipes correm o risco de serem criadas com base em tendências ou frameworks ultrapassados, em vez de se apoiarem em dados reais e feedbacks adequados.

É importante reconhecer que, às vezes, nos apegamos tão fortemente a crenças — muitas vezes baseadas em sucessos passados — que falhamos em nos adaptar às novas circunstâncias. Essa mentalidade pode nos fechar para perspectivas novas e relevantes em um ambiente onde tudo está em constante mudança. Essas suposições, assim como os 47 pequenos presentes, podem levar a resultados que não atendem às expectativas.

Considere estes cenários comuns em organizações:

• Iniciativas de Engajamento dos Funcionários: Um gerente pode implementar um novo programa de reconhecimento, presumindo que isso aumentará a moral, apenas para descobrir que os funcionários valorizam mais oportunidades de desenvolvimento profissional do que elogios públicos.
• Iniciativas de Mudança Organizacional: Uma empresa pode lançar um programa de transformação em grande escala, acreditando que isso otimizará operações e melhorará resultados, apenas para descobrir que os funcionários se sentem despreparados para as mudanças e resistem aos novos processos.
• Programas de Treinamento e Desenvolvimento: Uma organização pode implementar um novo programa de treinamento sem realizar uma investigação adequada das necessidades, acreditando que ele abordará as principais lacunas de habilidades dos funcionários. No entanto, ao final, descobre que o conteúdo não está alinhado às reais necessidades das equipes individualmente, resultando em baixa adesão e impacto limitado no desempenho.

Em cada caso, a raiz do problema está nas suposições feitas sem inputs suficientes, empatia ou consideração de outras perspectivas.

Da Suposição à Compreensão

Então, como organizações e líderes podem evitar cair na armadilha das suposições? Aqui estão algumas estratégias práticas:

1. Busque Opiniões Cedo e Com Frequência: Envolva funcionários, clientes e partes interessadas no processo de tomada de decisão. Conduza pesquisas, grupos focais e sessões de feedback para coletar dados e realmente entender suas necessidades e preferências.
2. Teste e Itere: Antes de se comprometer totalmente com uma ideia, faça um piloto em menor escala. Use os insights obtidos para refinar sua abordagem.
3. Incentive o Diálogo Aberto: Promova uma cultura onde questionar suposições seja bem-vindo e encorajado. Equipes que valorizam opiniões diversas têm menos chances de serem surpreendidas por perspectivas ignoradas.
4. Reflita e Aprenda: Após implementar um projeto ou iniciativa, reserve um tempo para avaliar seu sucesso. O que funcionou? O que não funcionou? Use essas lições para orientar decisões futuras.
5. Engaje Durante Grandes Mudanças: Entenda a prontidão dos funcionários para mudanças, suas preocupações e resistências. Ao se aprofundar nas percepções das pessoas, você provavelmente descobrirá insights valiosos sobre o próprio processo de mudança.

O Poder da Conscientização

A história dos 47 pequenos presentes serve como um lembrete de que boas intenções, por si só, não são suficientes. Seja em nossos relacionamentos pessoais ou ambientes profissionais, assumir que sabemos o que os outros valorizam — ou o que estão dizendo — pode levar a esforços desalinhados e oportunidades perdidas. Ao desafiar ativamente nossas suposições e buscar opiniões, podemos criar experiências, iniciativas e soluções que realmente ressoam.

Nas organizações, essa mudança de suposições para compreensão tem o poder de transformar não apenas equipes e lideranças, mas também a cultura como um todo. Quando equipes e líderes aprendem a navegar por perspectivas diferentes com abertura e curiosidade, desbloqueiam o potencial para uma colaboração significativa e resultados impactantes.

Então, da próxima vez que você se pegar perseguindo uma ideia com entusiasmo, tire um momento para pausar. Pergunte a si mesmo: Estou fazendo suposições? Considerei outras perspectivas? Isso pode poupar você — ou sua organização — de, metaforicamente, desembrulhar 47 “itens inúteis.”