Marli Mazon13/11/2025

Podemos falar sobre a saúde mental dos homens?

Repensando força e vulnerabilidade

Novembro é reconhecido como o Mês da Saúde dos Homens em países como o Reino Unido, Canadá, Austrália e muitos outros.
É um período dedicado a promover o bem-estar masculino em todas as dimensões: física, emocional e mental.

A campanha internacional Movember, nascida na Austrália e hoje presente em mais de 20 países, é o símbolo desse movimento.
Mais do que deixar o bigode crescer, ela convida homens a falarem sobre temas muitas vezes silenciados como saúde mental, prevenção do suicídio e câncer de próstata e testicular.

O peso dos padrões sociais

Apesar de todos os avanços da humanidade em ciência e tecnologia, ainda temos dificuldade em lidar com nossas emoções.
Continuamos condicionados por padrões sociais que nos dizem o que é certo ou errado, o que é aceitável ou não, e essas caixas, muitas vezes, nos adoecem.

Embora as pressões sociais afetem todos nós, as mulheres tendem a falar mais sobre suas dores, a buscar ajuda e a se apoiar mutuamente.
Já os homens, com frequência, sofrem em silêncio.

Pesquisas mostram que a adesão a padrões tradicionais de masculinidade está associada a uma pior saúde mental e contribui para as altas taxas de suicídio masculino, agravadas por fatores econômicos e sociais.

📊 Alguns dados importantes

Inglaterra (2024)

  • Taxa de suicídio entre homens: 17,1 por 100.000
  • Taxa de suicídio entre mulheres: 5,6 por 100.000
    (Fonte: Samaritans)

Brasil (2024)

  • A taxa de suicídio entre homens é três vezes maior do que entre mulheres.
    (Fonte: Ministério da Saúde)

Esses números evidenciam que o silêncio tem um preço alto.

A origem do silêncio

Quando eu era criança, ouvia mães dizerem aos filhos:

“Não chora, você é homem.”

Essa frase, aparentemente inocente, ainda ecoa por gerações — e ensina meninos a esconderem suas emoções desde cedo.
Ladies, I am not going to mention the appalling messages about women this time.
Hoje, quero dedicar este espaço aos homens.

Acredito genuinamente que homens podem — e devem — chorar.
A vulnerabilidade não é sinal de fraqueza; é o que nos torna humanos.

É tempo de um despertar coletivo, baseado não em polaridades ou poder, mas em colaboração e equilíbrio.

Homens e mulheres: mudança em conjunto

Quando trabalhei no mundo corporativo e implementava programas de empoderamento feminino e igualdade de gênero, sempre incluí atividades para os homens.
O objetivo era ampliar a consciência sobre inclusão e incentivá-los a se tornarem aliados.

A verdadeira mudança acontece juntos, não pela divisão.

Precisamos de aliados, não de polarização.
Como sociedade, precisamos aprender a valorizar a diversidade e caminhar lado a lado para transformar o status quo e enfrentar desafios maiores, que dizem respeito à nossa humanidade coletiva. Independentemente de gênero, raça, religião ou qualquer outra diferença.

Se um homem entende que homens e mulheres são iguais, ele também pode compreender que ser vulnerável não o torna menor, apenas mais humano.
Mas, enquanto houver quem veja a igualdade como ameaça, será difícil aceitar a própria fragilidade.
Essas duas coisas estão profundamente conectadas.

Busque apoio e autoconhecimento

Se você está passando por um momento difícil, procure ajuda.
Há muitas organizações que oferecem apoio emocional e psicológico.

E se o que você busca é autoconhecimento, clareza ou confiança, o coaching ou a terapia podem ser caminhos poderosos para se reconectar consigo mesmo e fortalecer sua resiliência emocional.

“Garotos”, abracem sua vulnerabilidade assim como reconhecem a força das mulheres.
Essas duas qualidades, força e sensibilidade, são complementares, e juntas promovem colaboração, empatia e equilíbrio.

A crise silenciosa

Recentemente, li um artigo da ACCPH sobre a crise silenciosa de saúde mental entre homens da construção civil.
Mais de 80% dos trabalhadores relataram sentir ansiedade, depressão ou estresse, mas a maioria permanece calada, tentando “aguentar firme”.

No meu trabalho com líderes homens, vejo o quanto pode ser transformador quando eles percebem que emoções não são um traço feminino, mas uma parte natural do ser humano.
Quanto mais cedo desenvolvem consciência emocional, melhores líderes se tornam — mais confiantes, centrados e autênticos.

Gratidão e reflexão

Por fim, quero agradecer ao amigo e colega Ali, cujo trabalho em uma campanha de saúde mental voltada para homens negros me inspirou a escrever este texto.
Seu comprometimento me lembrou da importância de manter essa conversa viva, por todos nós.

Um lembrete final

Homens têm três vezes mais chances de morrer por suicídio do que mulheres.
Isso não é apenas uma estatística — é um alerta.

Precisamos desafiar as ideias ultrapassadas sobre masculinidade e construir uma cultura em que a vulnerabilidade seja vista como coragem, e não como fraqueza.


Tags


Other Articles

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

{"email":"Email address invalid","url":"Website address invalid","required":"Required field missing"}

Sign Up for the Newsletter

Receive practical content and tools to turn critical professional moments into genuine catalysts for personal and career growth.